COMO TRANSFORMAR UM ROMANCE QUE PARECE ROUBADA EM UMA HISTÓRIA FELIZ

COMO TRANSFORMAR UM ROMANCE QUE PARECE ROUBADA EM UMA HISTÓRIA FELIZ

Sabe aquele tipo de relacionamento que tem grandes chances de dar errado mas no qual você quer insistir mesmo assim? Então…

Você conhece um cara, seu coração dispara só de pensar nele e… pronto, já está totalmente a fim. Mas aí suas amigas começam a falar que não vai dar certo e rolam as incertezas. Ou então se depara com o gato, mas ele já teve um vínculo especial com outra pessoa de quem você gosta e um sinal vermelho de alerta aparece na testa dele cada vez que o encontra. O ex-namorado de uma amiga, o chefe, seu melhor amigo e até aquele cara pegador são alguns clássicos que apontam para uma possível roubada. Nesses casos, junto com o boy vem um combo de situações que podem dar errado, como abalar o relacionamento com uma amiga, uma chance grande de se machucar ou aquela sensação de que você sempre cai em furada.

Mas o que fazer se o amor, ou somente o desejo, fala mais alto? Quando acontecer, não precisa necessariamente se fechar e dispensar o cara, afinal pode parecer uma roubada de primeira e acabar dando certo depois. “O segredo é menos ansiedade, mais observação e muita individualidade. Se quer dar uma chance mesmo sabendo de todos os empecilhos, você precisa ter paciência e manter outros interesses na vida para ir levando adiante aquele relacionamento amoroso, e às vezes pode realmente funcionar”, diz a psicóloga Ligia Baruch, de São Paulo, autora do livro Tinderellas, O Amor na Era Digital (Ema). Por isso, lembre-se de não se jogar de cabeça e avalie com seus botões a situação. “Por preconceito, podemos pensar que certos tipos de relacionamento não vão dar certo, mas não há nada que possamos julgar como errado logo de cara”, diz a psicóloga Paula Emerick, do Rio de Janeiro. Confira os casos que reunimos e as dicas dos especialistas.

ROUBADA #1: EX DE UMA AMIGA

Você, do nada, reencontrou o ex da sua amiga na balada. A conversa continuou no WhatsApp e rolou um convite para saírem. Nessa situação, o clima com sua amiga pode ficar bem estranho, ou na pior das hipóteses acabar a amizade. E como saber se leva para a frente ou não? Vale primeiro pensar se o que você sente é um impulso ou uma vontade verdadeira. Aí, é preciso relembrar como foi a relação deles. Ela ainda fala dele com amor? Tiveram um romance de cinema que abalou as estruturas? Se essas duas perguntas tiverem sim como resposta, é bastante provável que ela fique magoada com você e, talvez, adeus, amizade. “Se a relação deles não terminou numa boa, a situação também é muito complicada. O ideal é ter certeza de que tudo foi resolvido”, diz a psicóloga e sexóloga Priscila Junqueira, de Campinas (SP). Para saber disso, só conversando de peito aberto. Antes de resolver sair com ele, converse com a amiga e pergunte como ela se sentiria se você tivesse esse date.

ACONTECEU COMIGO

“Eu e a Mariana* éramos as melhores amigas havia seis anos. Em 2016, ela começou a namorar a Fernanda*, que eu conhecia também mas não éramos próximas. Depois que engataram o namoro, passei a sair bem menos com a Mariana e comecei a me relacionar com outra pessoa. O envolvimento delas durou mais ou menos um ano, até que no começo de 2017 elas terminaram. Coincidentemente, fiquei solteira na mesma época. Alguns meses se passaram e encontrei a Fernanda em uma festa. Tínhamos bebido muito, rolou um clima e ficamos. Antes que eu pudesse contar para a Mariana o que tinha acontecido, algumas pessoas comentaram com ela, que ficou muito chateada. Desde então, já tentei me explicar diversas vezes e retomar a amizade, mas nunca tive resposta. O rolo com a Fernanda nunca passou de uma ficada, mas mesmo assim as consequências foram grandes. Tenho consciência de que não foi uma coisa legal a fazer e que eu deveria ter levado em consideração os sentimentos da minha amiga além da atração física que rolou.”

Roberta*, 22 anos, estudante de gastronomia, de São Paulo

 

ROUBADA #2: PEGADOR

Esse boy é daqueles para quem você e suas amigas até podem olhar torto na balada, mas inevitavelmente alguém acaba ficando com ele. É o típico homem carismático, lindo e bom de papo, que mesmo sabendo que as chances de ter um romance são mínimas você não consegue resistir. Alerta: a probabilidade de sair machucada é muito grande. “Nós somos seres cheios de esperança, então temos certa tendência a achar que conseguimos mudar as pessoas”, fala Paula. Quando você se envolve com um pegador, o início da relação já é conturbado, porque você pode tentar consertar o cara e não funcionar. “As relações que dão certo tendem a começar de uma forma suave. Se tem muito caos, muita confusão, é um sinal de alerta, de que pode ser perda de tempo”, diz Ligia Baruch.

ACONTECEU COMIGO

“Em julho de 2016, conheci o Lucas* por intermédio de amigos em comum. O cara já tinha fama de galinha, mas rolava uma atração muito grande entre nós, então resolvi ficar com ele. Na época, ele tinha um namoro complicado com uma menina que estava fazendo intercâmbio, mas, como ele já havia ficado com várias outras garotas, achei que fosse um relacionamento aberto, e decidi insistir no rolo. No começo, descobrimos muitos gostos em comum e conversávamos bastante, desde o bom-dia até o boa-noite. Não demorou muito para marcarmos um encontro, e foi aí que transamos pela primeira vez. Passaram-se alguns dias, continuamos nos falando e saindo algumas vezes, até que com o tempo os assuntos foram acabando e a conversa diminuindo. Em mais ou menos dois meses já não havia quase nenhum contato, só que nesse ponto eu percebi que tinha me apaixonado por ele. Escondi meus sentimentos, até porque não nos falávamos mais. Alguns meses depois, no ano passado, eu o encontrei em um aniversário e ficamos de novo. Depois disso, a relação ficou bem estranha e nunca mais conversamos da mesma maneira. Na última vez em que o vi, perguntei se iríamos ficar de novo e o Lucas foi totalmente seco, dando a entender que não queria mais nenhum tipo de aproximação. No fim das contas, descobri que o namoro dele não era aberto. Agora está bloqueado das minhas redes sociais. Hoje tenho consciência de que uma relação com um cara pegador é roubada.”

Alina*, relações-públicas, 23 anos, de São Paulo

 

ROUBADA #3: TEM AMIZADE ENVOLVIDA

Virar a chave para “namoro” pode significar o romance dos sonhos, pois, claro, vocês se conhecem, se dão bem, os amigos praticamente são os mesmos. Tem tudo para rolar, mas aqui vale analisar e se fazer a pergunta “E se não der certo?” Não dá para prever o futuro, mas, pela personalidade de vocês, é possível ter uma ideia. Se os dois forem “deboas”, tudo pode ser encarado com mais racionalidade, mas o cenário muda se um não gosta de ver um ex pela frente nem pintado de ouro. “As relações amorosas que se baseiam em amizade têm grandes chances de sucesso, mas tudo depende do grau de maturidade das duas pessoas. Fazer a mudança para romance e depois, caso não dê certo, voltar ao que era antes pode não ser fácil”, afirma Ligia.

ACONTECEU COMIGO

“Quando eu tinha uns 15 anos, tive uma paixonite por um cara da escola, mas sempre que marcávamos de sair um amigo dele ia junto. Eu achava aquilo muito desconfortável. No fim das contas, esse crush me colocou na friendzone e nunca ficamos. Mas acabei muito amiga do Fabrizio, que, até então, era o vela. Dois anos se passaram e eu comecei a vê-lo com outros olhos. Porém, como éramos muito amigos, eu tinha medo de que um romance pudesse estragar a relação. Eu estava muito a fim, então contei para ele do meu interesse e acabamos ficando em um show do U2. Deu certo e começamos a namorar. Quanto eu tinha mais ou menos 18 anos, terminamos. Desde o começo falávamos que se o namoro não desse certo seríamos maduros o suficiente para manter a amizade, e foi isso que aconteceu. Quatro meses depois, voltamos. E estamos juntos há 12 anos. Eu já sabia dos defeitos e das qualidades dele, assim como ele sabia dos meus, então foi um caminho mais fácil. Ah! E sabe aquele paquera? Foi nosso padrinho de casamento.”

Jéssica Paganotto, 29 anos, relações-públicas, de São Paulo

 

ROUBADA #4: VOCÊS TRABALHAM JUNTOS

Romance no ambiente de trabalho é, na maioria das vezes, arriscado. “Vocês podem misturar o pessoal com o profissional, o que resulta em conflitos desnecessários”, diz Priscila Junqueira. Se você estiver em uma situação dessas e se apaixonou por um colega de empresa, considere os prós e os contras dessa relação. Por exemplo, a convivência. Vão acabar se vendo sempre, e isso pode ser positivo ou negativo, dependendo de como lidam com os acontecimentos do dia a dia. Uma pesquisa de 2015 da empresa de carreira americana Vault mostrou que 51% dos entrevistados já tiveram um romance no ambiente de trabalho. Dentre eles, 16% encontraram o marido ou a esposa no escritório.

ACONTECEU COMIGO

“Trabalho em uma gráfica como gerente comercial. Estava solteira (fiquei casada por 18 anos e tenho dois filhos desse relacionamento). Eu e o dono da empresa, que é familiar, tivemos sempre uma relação de respeito e amizade. Como visitávamos muitos clientes juntos, começamos a nos aproximar. Passávamos horas no trânsito conversando sobre a vida, relacionamentos passados, até que naturalmente surgiram afinidades e interesse mútuo. Começamos a namorar e passei a enfrentar as fofocas e os comentários maldosos – todo mundo achava que eu estava com ele por interesse. O que ninguém sabia é que, na época, a empresa passava por uma má fase e eu é que estava ajudando a segurar a barra. No início da relação, brigávamos bastante por assuntos de trabalho e isso acabava afetando o clima na empresa, mas hoje em dia, depois de quatro anos, aprendemos a separar o profissional do pessoal e lidar com todos os comentários das pessoas. Não tenho nenhum arrependimento, pois com essa relação nós crescemos juntos, fizemos planos e somos mais fortes.”

Simone*, 44 anos, gerente comercial, de São Paulo

* Os nomes foram trocados a pedido das entrevistadas.

Fonte: Cosmopolitan Brasil (Editora Abril)