A IMPORTÂNCIA DA PROFISSIONALIZAÇÃO NO MERCADO VEGANO.

A IMPORTÂNCIA DA PROFISSIONALIZAÇÃO NO MERCADO VEGANO.

Um dos pontos marcantes de uma empresa que busca se profissionalizar é a constante capacitação dos sócios e equipe

Muitas pessoas começam a empreender com o desafio de transformar seu sonho em um negócio de sucesso e rentável. Mas, os primeiros anos de vida de um pequeno empreendimento, exige bastante esforço e dedicação para sobreviver, e somente, a partir daí é que se inicia o desenvolvimento de ações focadas no crescimento e profissionalização do negócio.

Durante os anos iniciais, inúmeros empresários misturam a empresa e a pessoa. Receitas e despesas empresarias e pessoais se embaralham, e esse processo é particularmente danoso para o negócio, pois desenvolve nos empreendedores uma completa desorganização das finanças e ações da empresa.

No mercado vegano, isso não é diferente. O empreendedor vegano normalmente é um adepto do veganismo. Isso quer dizer que: “possui uma forma de viver que busca excluir, na medida do possível e do praticável, todas as formas de exploração e de crueldade contra animais, seja para a alimentação, para o vestuário ou para qualquer outra finalidade”, segundo a Vegan Society, da Inglaterra, mais antiga entidade vegana do mundo. E, por definição empreende com o objetivo de disseminação da sua causa, mas também buscando como todo empreendedor por oportunidade, solucionar os problemas de consumo desse público, e obter lucro com a sua atividade. E é nesse momento que começam os problemas relacionados a profissionalização desses empreendimentos.

Buscar a qualificação significa considerar sim a sua causa, que no mundo empresarial podemos chamar de princípios e valores, mas sem abrir mão de uma empresa que considere o lucro e sua atividade comercial. A seguir, cinco pontos de atenção para que o processo de profissionalização aconteça sem grandes sustos e sofrimento.

Amigos, amigos, negócios a parte

A escolha da equipe normalmente é uma das primeiras questões controvérsias em um empreendimento “não profissionalizado”. Contratar familiares, amigos, parentes, sem necessariamente conter competências e habilidades necessárias para a função ou até mesmo adeptos do “veganismo” como critério de contratação, criam grandes entraves de crescimento, e muitas vezes tiram totalmente o foco do gestor da atividade fim ou crescimento da empresa. O ideal é já começar a empresa definindo claramente as competências e habilidades necessárias para cada função da empresa, e de antemão, só contratar pessoas que atendam essas exigências. Lembrando que para função é mais importante as competências e habilidades do que se o profissional é vegano ou não. Por exemplo: é muito mais fácil e coerente contratar um cozinheiro por sua habilidade em cozinhar, do que contratar um cozinheiro porque o mesmo é “vegano”, mas não cozinha tão bem assim.

Um peso, uma medida

No mundo corporativo, não são poucos os problemas que surgem por uma não definição de regras claras. No processo de profissionalização de uma empresa, definir regras claras em relação aos aspectos do cotidiano do relacionamento são fundamentais para garantir a equidade do tratamento e a satisfação da equipe. Empresas profissionais costumam desenvolver um código de ética, ou um manual de normas e condutas visando deixar claro as regras no que tange aos assuntos que a empresa considera primordiais. Alguns assuntos que podem ser abordados são, por exemplo, horários, tratamento de atrasos, uso de materiais, atribuições de cada profissional, e processo de avaliação.

Meu dinheiro e o dinheiro da empresa

Uma das maiores falhas e principais motivos de fracasso de muitos negócios é a incapacidade de separar as despesas financeiras da empresa das despesas pessoais dos sócios. Não separar essas despesas faz com que muitos empresários entrem em situações complicadas, e aí quando se dão conta do problema, estão com dívidas impagáveis. Para solucionar esse problema e profissionalizar a gestão financeira do negócio, ações simples como abrir contas separadas para a empresa e para os sócios, ter um cartão de crédito para as despesas pessoais e outro para as despesas da empresa, e anotar em um livro caixa todas as despesas e receitas da empresa, mudam a maneira de se relacionar com o dinheiro e com as finanças da empresa.

Tem que ser viável

“Uma ideia somente pode ser uma ideia de sucesso se houver pessoas dispostas a pagar por ela”, já dizia o celebre inventor da lâmpada Thomas Edson. Parece simples, mas no impulso de realizar, muitos empresários perdem o foco de solucionar os problemas do público-alvo e passam a solucionar os seus problemas ou atender aos “seus gostos”, focalizando muito mais no processo de realização, às vezes inventivo, do que no processo empreendedor, focado nos problemas do mercado com soluções inovadoras e viáveis financeiramente. Não é incomum empreendedores veganos investirem muito tempo na criação de produtos e serviços, que posteriormente lançam no mercado sem a mínima construção de viabilidade do produto, formação de preços e até mesmo política comercial. A solução é fazer o dever de casa primeiro. Primeiramente prototipar um produto ou serviço viável tecnicamente, mas rentável financeiramente. E aí posteriormente, lançar produtos e serviços que contribuam com a causa vegana, e a prosperidade do negócio.

Capacitação ou gente capacitada

Um dos pontos marcantes de uma empresa que busca se profissionalizar é a constante capacitação dos sócios e equipe. Investir na qualificação da equipe contribui para que a empresa consiga ser mais eficiente no desenvolvimento das atividades empresariais. Essas capacitações buscam desenvolver expertises técnicas, teóricas e práticas referentes as áreas da empresa. Outra solução para aumentar o nível de competência da equipe é a contratação de profissionais capacitados para as funções da empresa ou terceirização de algumas atividades. Isso requer investimentos, no entanto, normalmente o custo-benefício dessas decisões é muito benéfico para o desenvolvimento do negócio.

Sendo vegano, sendo tradicional, não importa o tipo de negócio que você tem. O que realmente importa é como você se relaciona com esse negócio e quão focado no empreendimento você está. Profissionalizar exige esforço, abrir mão de comodismo e da maneira convencional como as atividades foram feitas. No entanto, profissionalizar também te levará a um outro patamar de negócio e de oportunidades.

Fabio Stumpf — Mestre em Gestão Estratégica pela Universidade Federal Rural do Rio de Janeiro (UFRRJ), especialista em Gestão de Negócios e diretor-executivo da Solace Institute, no Rio. Possui mais de 20 anos de experiência no mercado e mais de 3 mil profissionais capacitados em todo Brasil.